(por Eduardo Paiva. Publicado originalmente no Jornal ES de FATO,
em 27/out/2011)
Já havia percebido, no dia-a-dia das minhas citações e intimações (sou oficial de justiça), o baixo grau de ensino da maioria da nossa população. Vários dos moradores com mais de 40 anos, em Cachoeiro de Itapemirim-ES, são ANALFABETOS ou ANALFABETOS FUNCIONAIS. Analfabetismo funcional ocorre quando o ensino fundamental é de baixa qualidade e o sujeito só sabe juntar letras e/ou silabas, mas não compreende o que lê; ou sabe apenas desenhar o nome.
Por outro lado, alguns dos formados, no ensino médio ou superior, são, lamentavelmente, ANALFABETOS DIPLOMADOS; são leitores que compreendem superficialmente o que lêem, mas são incapazes de analisar criticamente as opiniões ou significados do texto lido; ou ainda, são incapazes de duvidar das informações recebidas das outras mídias, tais como radio ou TV.
Esse quadro reflete a baixa qualidade da educação publica no ES, que se compara à má-educação oferecida ao povo maranhense, que vive sob o jugo e opressão econômica da família Sarney. Aqui no ES me pergunto: quais as famílias opressoras do povo capixaba? (click em
Gostaria de poder identificá-las de plano. Entretanto minha pesquisa está no inicio. Vou me debruçar, nos próximos meses e anos, sobre o tema “má educação publica no estado do espírito santo: causas e conseqüências para a economia das famílias capixabas”, a fim de entender o porquê de resultados tão ruins nos Exames Nacionais de Ensino Médio (ENEM), Fundamental (Provinha) e Superior (ENADE).
Mas a minha maior preocupação é: ?como a má educação pública afeta, direta ou indiretamente nos índices de violência e na mortandade crescente de crianças e jovens capixabas, geralmente pobres, e amplia a insegurança das crianças da classe média e alta?.
Constata-se que as crianças abastadas sofrem com o risco social ascendente, que se relaciona diretamente às massas de crianças abandonadas, afetiva, econômica e socialmente; e que são também excluídas da educação de qualidade.
De má qualidade é a educação escolar oferecida às crianças pobres, com: a) professores mal remunerados e explorados; estressados com carga de trabalho dupla ou tripla; b) em geral em escolas mal equipadas, sem biblioteca; c) sem laboratórios de estudo ou pesquisa; d) sem espaço apropriado a pratica de esporte; e) sem oficina de musica etc. etc. Tal situação fomenta o abandono escolar nos primeiros anos do ensino fundamental e resulta no comprometimento do futuro das crianças, seja como cidadão ou como profissional, ou ainda pior, o envolvimento das mesmas com atividades ilícitas, vindo a se tornar, sem demora, nas primeiras vitimas das atividades violentas do trafico de drogas, ou dos delitos patrimoniais (furto ou roubo) violentos ou, pelo cruel destino, os próprios algozes.
Educação escolar, de melhor qualidade, só é acessível a quem pode pagar. E nós da classe média pagamos.
E aceitamos, indiferentes, o crime de “lesa-pátria” cometido por governantes que negam, às crianças, educação pública de qualidade. E permitimos que prefeitos e governadores, no estado do Espírito Santo, nomeiem, em Designação Temporária (DT), dezenas de milhares de sacrificados profissionais da educação, ano após ano, há mais de duas décadas.
Permitimos que tais eleitos descumpram a Constituição Federal e aos princípios que devem reger a administração publica:
“Art.37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: ...
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei..." (fonte: http://www.planalto.gov.br/legislacao).
bem como descumpram a Declaração Americana de Direitos Humanos:
“Art. 23, 1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades: (...)
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.”. (fonte: http://www.planalto.gov.br/legislacao).
Tais governantes também violam leis estaduais e municipais.
Realizar concursos publicos para os cargos de professor, anualmente, em parceria com instituições sérias (CESPE-UnB; FGV etc.) é, inexoravelmente, o primeiro passo para reverter a decadência do sistema de educação publica, no Estado do Espírito Santo. Se Casagrande-PSB e PT-Givaldo Vieira decidirem priorizar a educação pública de qualidade, e realizarem concursos públicos, estarão prestando um bom serviço, a todas as criancinhas e cidadãos capixabas.
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Eduardo Paiva, paiva.economista@gmail.com. Membro do Conselho Municipal de Segurança Publica.
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