quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

CIDADE PRESIDIO 2

(por Eduardo Paiva. Publicado originalmente no
Jornal ES de FATO, em 25/julho/2007)

Observo, preocupado, o esvaziamento econômico de Cachoeiro de Itapemirim. Não nasci aqui, entretanto, escolhi esta cidade para trabalhar, viver... e sonhar com um Brasil melhor, mais desenvolvido, menos corrupto. Um Brasil com menos desigualdades econômicas e sociais, seja dos indivíduos, seja de suas cidades. É notório o desequilíbrio que há entre : o Norte-Nordeste empobrecido e o Sul-Sudeste desenvolvido.

O Espírito Santo é o estado mais pobre da região sudeste e o mais próximo do nordeste.
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Até a década de 1980 o Espírito Santo tinha entre suas locomotivas econômicas, o município de Cachoeiro; um dos mais desenvolvidos. No passado. Hoje perdeu bastante de sua importância econômica. Ressalvados os municípios beneficiados pelos investimentos da indústria de petróleo, o sul perdeu competitividade em relação aos municípios do norte do estado. Estes figuram, desde 1998, na área de abrangência da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), onde são concedidas vantagens tributárias aos investidores.

Cachoeiro não tem petróleo e, como não está na área de abrangência da Sudene, não oferece aos investidores as mesmas vantagens tributárias que os nossos vizinhos do norte. Quem hoje investe em Cachoeiro são os heróis da terra. Homens movidos, talvez, pela paixão ao Rio Itapemirim, que hidrata e refresca a alma cachoeirense; que encanta o coração das jovens, com o suave marulhar de suas águas... Ora, temos ficado de fora de grandes projetos industriais, turísticos ou agroindustriais, como é o caso da implantação da indústria de biodiesel em Colatina, noticiado pelo Jornal Folha do Norte, nº 1434 (http://www.folhadonorte.com.br). Investimentos previstos de R$ 182 milhões (igual a seis presídios federais, de R$ 30 milhões cada) e geração de mais de 20 (vinte) mil empregos. Mesmo em relação ao sul do estado, olhamos enciumados para a litorânea Anchieta, com a anunciada Siderúrgica Chinesa/Vale do Rio Doce, de U$ 5 bilhões (ou 10 bilhões de reais).

Para alguns, esses fatos bastariam para impingir aos outros o ônus do recebimento do medonho presídio federal. Entretanto, existem motivos mais abrangentes para a escolha do município que abrigará a carceragem : a) aquele que tenha menor população; b) maior distância de grandes centros populacionais e econômicos; c) possua aeroporto, ou seja vizinho em raio inferior a 50 km; d) tenha alguma vantagem comparativa. Conforme a tabela abaixo, e levando-se em conta os critérios mencionados, a melhor opção seria Baixo Guandu, ou a vizinha Pancas. Ambas estão na Sudene e tem populações pequenas. Esta é também a opinião do piloto/aviador, Sr. José Renato Zanotelli, que colaborou na pesquisa sobre aeroportos.

Baixo Guandu...........28.335
Pancas*....................19.957
Cach. De Itap............198.150
Colatina....................111.789
Linhares...................123.000
São Mateus..............102.955

Fontes : IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). *Somente Pancas não possui aeroporto.

Algo entretanto me intriga : porquê o solo capixaba e não o mineiro, carioca ou paulista para receber a “caixa de pandora”, que talvez seja o presídio federal ? A resposta a estas e outras indagações certamente serão dadas pelas autoridades competentes. É o que todos esperamos, ansiosamente.

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Eduardo Paiva (Cachoeiro de Itapemirim-ES, 24 julho 2007), paiva.economista@gmail.com

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