sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

CIDADE ANALFABETA I


(por Eduardo Paiva. Publicado originalmente no
Jornal ES de FATO, em 09/novembro/2007)

Gostei muito da expressão “Analfabeto Diplomado”, cunhada, meses atrás, pelo professor, escritor e jornalista Evandro Moreira, em artigo de sua autoria. Outro dia o mesmo professor escreveu sobre o “Livro, esse intruso”.

É lamentável a constatação que o nível de leitura do brasileiro seja tão pequeno, comparado com os povos de outras nações! Tal circunstância nos relega a uma posição de atraso intelectual, em relação à América Latina bem como ao resto do mundo.

O prejuízo não é só intelectual, mas também econômico, vez que nos retira a possibilidade de (click em
concorrer satisfatoriamente no mercado globalizado. Isto é, nossas industrias e nossos agricultores não conseguem competir com os produtores de outros países, por causa da baixa qualificação profissional dos trabalhadores brasileiros, que se encontram hoje em dia, em estado de “analfabetismo diplomado”.

Eonomia brasileira menos competitiva, no mercado global, significa menos emprego e renda para nossos jovens e adultos, gerando mais pobreza e insegurança social para nossas crianças, esposas e filhos. Assim o efeito colateral do “analfabetismo diplomado” é aumento da insegurança, apesar dos maiores investimentos em segurança repressiva (mais policiais, mais armas, mais viaturas etc.).

O que realmente melhoraria a nossa segurança, e de nossas famílias, seria o INVESTIMENTO EM SEGURANÇA SOCIAL PREVENTIVA. Significa investir, racional e eficazmente, muito mais em EDUCAÇÃO e em EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA.

É necessário incluir no Currículo Mínimo, do Ensino Fundamental, de responsabilidade do município, as disciplinas: a) “Direitos Humanos e Direitos da Cidadania” e; b) Cursos Profissionalizantes.

A primeira contaria com as seguintes matérias: Declaração Universal dos Direitos Humanos; Tratados Internacionais assinados pelo Brasil em Direitos Humanos; Constituição Federal do Brasil; Estatutos da Criança e Adolescente; Lei do Sistema Único da Saúde (SUS); Lei de Diretrizes e Bases da Educação etc.

Os Cursos Profissionalizantes deveriam ser ofertados na oitava/nova série do ensino fundamental, a fim de que os estudantes, ao terminarem a 1a fase de seus estudos, tenham uma profissão, permitindo-lhes melhorar as condições de vida pessoal. Por outro lado, a possibilidade de ser profissionalizado será atrativo para alunos e pais, resultando em diminuição da evasão escolar.

Os cursos profissionalizantes sugeridos são: 1.pedreiro; 2. pintor; 3.bombeiro hidráulico; 4.eletricista residencial; 5.padeiro; 6.confeiteiro; 7.cozinheiro; 8.costureiro; 9.eletricista de automóveis; 10.mecânico, etc.

Observo que não basta introduzir tais disciplinas. É necessário investir no(a, s): a) professores; b) bibliotecas, livros e leitura. Só investindo nos profissionais da educação, e em leitura, é que poderemos mudar a qualidade da educação, para evitar que, ao final, só estejamos formando “analfabetos diplomados”.

A Lei Orçamentária Anual de Cachoeiro de Itapemirim previu, para toda a Administração Pública, no ano de 2007, um total de Receita/Despesa de R$ 227.950.770,65. Dá, praticamente, uns 228 MILHÕES de reais.

Para a educação um orçamento de R$ 55.641.460,00; praticamente 56 MILHÕES de reais. As indagações que fazemos são as seguintes: a) com esse orçamento milionário dá pra fazer uma educação pública de qualidade? b) é possível melhorar o salário dos professores? c) é possível criar as condições para termos cursos profissionalizantes, ao final do ensino fundamental?

São indagações que dirijo, cordial e respeitosamente, ao Excelentíssimo Sr. Prefeito, e aos Ilustres Secretários Municipais de: a) Educação, b) Cultura, c) Desenvolvimento Econômico e d) Desenvolvimento Social.
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Eduardo Paiva: economista, palestrante, email: paiva.economista@gmail.com

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